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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

NUDEZ



Sirva-se de tudo que é lúcido e afasta-se do que é Lúcifer. Não seja uma pessoa presunçosa.

Não seja narcisista, mas nunca deixe de amar sua imagem refletida nos espelhos do dia-a-dia. Seja para si mesmo um oásis de sensualidade e pra quem ti vê um oceano de lubricidade.

Retoque-se, molde-se, reinvente-se. O tempo, que se encarrega de deformar nossa embalagem, é o mesmo elemento que nos molda por dentro.

Dispa-se de seus pudores e suas pobrezas. Lance fora as vestes da insensatez, da loucura por si e da insanidade luxuriosa.

A nudez é a forma mais sublime de compor a musicalidade de um corpo, que harmoniosamente baila numa melodia de vida.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

UM ANJO DE DEUS




Que um Anjo de Deus pouse sempre aos pés de nossa cama. Ou na cabeceira, guiando nossos pensamentos em repouso e afastando os tormentos.

Que Ele apenas pouse e nunca repouse. Que mantenha constante vigília e jamais baixe a guarda. Que Ele ajude a descravar lindos sonhos sem jamais pregar os olhos.

Se o calor da noite incomodar, que a brisa de refresco seja o leve abanar de suas asas. E se o incômodo for o frio, que o calor de sua intercessão em Jesus nos aqueça por completo.

Que a luz Dele ilumine nossos sonhos, pra que sejam bons pensamentos e lindas viagens. Que seja luz de companhia, que nos faça caminhar em direção à compreensão do amor e à prática do bem comum, nos afastando das trevas.

E que acordemos felizes e loucos pra ter um dia iluminado.
Com vontade de sermos, também,
O doce anjo de alguém!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

TODAS AS FACES DE UM PAI




Pai tem vários apelidos
Também conceitos variados
Muitos por mim preteridos
Mas outros aqui abordados

Um Padre é pai orientador
Como cada rabino ou pastor
No Papa, um mero porta-voz
Do Deus Pai de todos nós

De PAI se diz genitor
Um cúmplice na geração
Patrono, padrinho ou criador
Uma bússola na educação

Se diz PAPAI por carinho 
Ele é modelo e espelho
Papai é norte, é caminho
Também é juiz e conselho

Nem todo pai é benfeitor
Nem todo genitor é pai
Pai de verdade é protetor
Guardando o filho que cai

Talvez não o sejas por idade
Quem sabe por convicção
Ser pai é complexidade
Uma vez colo, outra sermão

Não nos foi permitido gestar
Como as mães e a gestação
Mas temos o dever de amar
Pela fertilidade ou adoção

O que faz um pai não é filho
É o amor que ele expressar
Nos olhos se verá o brilho
Do orgulho de lhe aclamar
E no exemplo que se constrói
Seu filho te aclamará herói


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

MINHA VIDA SOB O PRISMA DAS FÉRIAS


Não é o que uma palavra significa que afeta nosso cotidiano, mas sim a forma como vivemos, aceitamos e conduzimos o seu significado e sua interferência em nossas vidas. O que lhes narro é como vivi ou ainda viverei aquilo que chamamos de FÉRIAS.

Na primeira fase da vida (infância e adolescência), lembro-me como esperava ansioso pelo início das FÉRIAS, pela oportunidade de viajar, brincar, jogar futebol, pescar! Enfim, me desligar dos compromissos escolares e me divertir sem preocupações com o tempo e o espaço! Me esmerava nos estudos pra não ficar de recuperação ou dependência! Ótimas notas significavam férias mais longas e muitas mais brincadeiras e emoções!

O término das férias também era esperado com ansiedade! O retorno pra escola, pro convívio com os colegas de sala e de colégio! "Tantas coisas pra dizer, tantas coisas pra contar", tantas aventuras pra descrever e experiências pra ouvir!

Na segunda fase (maturidade), as FÉRIAS se tornaram momento de descanso em detrimento dos sonhos de infância. Um prêmio por 01 árduo ano de trabalho. A expectativa de seu início me trazia aftas e dores de cabeça e estômago, ante a incerteza do cumprimento de prazos pre-estabelecidos. Não eram mais as minhas notas escolares que garantiam meu descanso. Eu dependia do desempenho de outras pessoas, de equipes, de coordenados e coordenadores para determinar início e fim de minhas FÉRIAS. Dependia mais ainda de mim mesmo, um péssimo administrador de tempo e de tarefas individuais.

Quantas vezes as adiei ou antecipei o seu término, em detrimento de um bem empresarial. Percebi mais tarde que esses adiamentos me renderam mais decepções do que frutos e acabei, sem querer, tirando férias de bons momentos e grandes amigos.

Veio a terceira fase (constituir família), e as FÉRIAS se tornaram um pouco mais complexas e os períodos mais restritivos. Sobreveio a necessidade de coordenar disponibilidade de esposa, filhos, trabalho e programações dos eternos e indissociáveis ciclos de indispensáveis amigos.

Talvez tenham sido nesse período os melhores passeios, as mais ricas e verdadeiras fotos! Quando foi possível conciliar todos os calendários e antecipar todas as probabilidades, vivi momentos de intensa alegria e rara alforria.

Mas também vivi momentos de rara e intensa tristeza e depressão. Sem crença em mim mesmo, encarcerado nos prazeres tênues da bebida e subjugado por suas ilusões passageiras, alguns poucos amigos preferiram tirar férias de mim.

Na fase atual (maturação dos filhos), as FÉRIAS que ambiciono não são mais as minhas e sim as de meus filhos, cada um numa fase e em possíveis diferentes calendários. O tempo, a necessidade de uma boa profissão e estudos adequados se encarrega de levar os filhos pra longe, num ciclo vicioso que se repete a cada nova geração da vida moderna!

Mas ainda assim, mesmo que por poucos dias, a casa se enche novamente e a alegria é potencializada em expoentes inimagináveis! As brincadeiras entre os filhos e a felicidade de se reencontrarem é de uma pureza infinita. E, ainda que não me caiba esse egoísmo, desejo que as FÉRIAS deles nunca mais terminem.

Mas ontem elas terminaram por completo (FÉRIAS DOS FILHOS), e um novo semestre escolar recrutou todos os filhos. Meu egoísmo cedeu espaço para dois sorrisos e duas despedidas, na frieza das plataformas de uma rodoviária cheia de vida, repleta de vazios de saudades no peito de quem fica, plena em transbordamentos de sonhos e esperanças nos corações de quem parte e abundante em despedidas provisórias! Porque os filhos sempre retornam, ainda o tempo entre uma partida e outra chegada pareça uma eternidade.

A derradeira fase (boa idade) me enche de expectativas e meu coração transborda esperanças e alegrias! Porque nela minhas FERIAS serão permanentes e minhas tarefas serão suaves! Encararei meus desafios e responsabilidades como rotinas de férias. Cuidar dos netos, caminhar na praia, curtir Guarapari, viajar sem programação prévia, tomar sorvete sem pressa, plantar meus temperos, colher meus derradeiros momentos e cozinhar o que der vontade. Mas não planejo nada, porque é incerto o que está por vir. E os vocábulos PLANEJAMENTO e FÉRIAS parecem ser inimigos de berço.

E assim vou vivendo os meus dias. Tocando as minhas rotinas, as minhas tarefas e minhas responsabilidades. Marcando no calendário da vida a data das próximas FÉRIAS, sofrendo menos com as partidas e com as chegadas. De tudo de bom que "elas" representam em minha vida e ante todas as dificuldades que já enfrentei, devaneios que fomentei, sonhos que abandonei, decepções que dei causa e concessões indolentes que me outorguei, prostrado diante do cadafalso das minhas agruras, asseverei:

"JAMAIS TIRAREI FÉRIAS DE MIM !"