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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

AOS PAIS E FILHOS DE SANTA MARIA


Os filhos nascem com asas 
Pra com elas voar um dia
E que voem de suas casas 
Com a graça de Santa Maria 

Crianças que ingerem alegria
Se alimentam de pura emoção
Que possam, Santa Maria,
Viver pautando a razão! 

Em seus olhos hajam brilhos 
Nada ofuscando seus medos
Verdade entre pais e filhos 
E não nos guardem segredos 

Que a vida transcorra imune 
Que tenham salvo-condutos 
Se lhes couber infortúnio 
Santa Maria: Fazei-nos adultos 

Perdestes o filho vosso 
Que já esperavas partir 
Perdoe, se perdendo os nossos
Não consigamos reagir 

Serão eternas crianças 
Aos olhos de mãe e pai 
Se nos faltar esperanças 
Santa Maria: Por nós rogai 

Se perda maior for possível 
Livrai-nos Deus do algoz 
Mas nessa tragédia terrível 
Santa Maria: Rogaremos por vós!

(Poema de: Mozart Boaventura Sobrinho)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O SOL AVISOU QUE VEM



O Sol avisou que vem
De giro, de avião ou de trem
Não sabe como fará
Mas disse que um dia virá

As coisas por cá andam impuras
Poluição em progresso
Minério, fuligem e agruras
O Sol não aprova o excesso

Já não avista Vitória
Olhando lá do nascente
A limpidez de outrora
É hoje um "fog" indecente

Outro dia veio apressando
Sequer viu Guarapari
Ao ver o "Mestre" nublado
Deu ar da graça em Camburi

Falou-me de liberdade
Não sai sem pedir permissão
Mesmo com toda essa idade
O "Climatempo" é o patrão

O sol, sinal de calor
É muito mais que alegria
Um dia inteiro de festa
Até Ele mesmo queria.

Pensou em vir pra ficar
Pra uns dias, porque não.
Pra amanhã, vai pensar
Pois afinal: é Verão!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CRÔNICAS DA VIDA REAL – "A MONJA E O BEM-TI-VI"














Na face interna e levemente escarpada do morro Caiçara, em Belo Horizonte-MG, incrustado na meia parte de cima, subsiste o Carmelo Nossa Senhora Aparecida, . É lá que delicadas e dedicadas Monjas Carmelitas Descalças passam seus dias em afazeres árduos, como bordar, carpir, colher, cozer, cozinhar, jardinar, plantar. E orar, há todo momento.


Entre elas há uma pequenina, de nome Maria do Pilar, que a natureza esculpiu com argila do Paraíso, no ventre de Dona Tuta. Como MARIA, Mãe de Deus, e como PILAR, esteio e estandarte do Cristianismo. Aos 78 anos pilar contempla 61 de vida monástica e clausural.

Num certo dia comum (como são comuns os dias dessas devotas), Irmã Maria do Pilar estendia roupas no varal quando um filhote de bem-ti-vi, já adolescendo pela plumagem, atacou um dos lençóis, alcançando-lhe também os dedos.

Embora seja uma ave de bico alongado e fino, este exemplar não tinha forças para ferir, e ao desferir os golpes demonstrou-se abatido; e ferido. Vendo-o estupefato e mortificado acudiu com um pedaço de mamão. Tamanha foi a sua surpresa ao ver o bichinho se alimentando, aos bocados de bicadas. Surpresa maior se seguiu quando, ao tentar se afastar ainda assustada, o mesmo alçou voo e lhe tomou o alto da cabeça. Como quem pede abrigo e suplica: - Não vá! Fica e me cuida!

Tomou-o nas mãos (as duas juntas quase não lhe cobriam a extensão do corpo alado), levou Carmelo adentro, tratou, alimentou e remediou as feridas.

Já quase recuperado, em tempos de alçar voo, eis que os adultos de sua raça vieram e o atacaram, ferindo asas, cabeça, tronco, danificando boa parte de sua plumagem ainda em estágio jovem.

Piedosa e assustada com a reação das aves, Pilar acolheu-o novamente e novo tratamento se seguiu. E as mãos dóceis, calorosas e crentes de Pilar curaram novamente, dessa vez em definitivo. O jovem bem-ti-vi se sentia acolhido e comia e se aninhava nas mãos em forma de colcha. Caminhava-lhe pelos ombros e arriscava trinados em seus ouvidos.

Os dias se seguiram e a plumagem atingiu seu auge, o bico firmou as extremidades e os sacolejos se tornaram adultos. E, numa certa manhã, aprumado em seus dedos, o jovem pássaro olhou-lhe nos olhos, sacudiu fortemente as penas e soltou um cântico de alegria. Em seguida, baixou levemente a cabeça, como quem faz reverência em agradecimento, recuperou a altivez e alçou voo.

Um voo de afirmação. Para sempre, para os arbustos, e para o céu infinito além deles. Como deve ser de fato a liberdade.

MORAL DA HISTÓRIA: Se fores preterido e magoado pelos Seus e, de repente, um colo anônimo te acolher, verás que o amor incondicional se estabeleceu em sua vida.

(Texto de Mozart Boaventura Sobrinho – 13/01/2013)

"As mãos que curam são mais sagradas que as mãos que oram" (Madre Tereza de Calcutá)

"Somente pela fraternidade a liberdade será preservada." (Victor Hugo)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O TEMPO (Em homenagem a um grande amigo que partiu)


O tempo, inimigo meu

Levou minha puberdade, minha juventude. 
Meus desejos mais secretos. 
Meus mais queridos objetos. 

Meus brinquedos, meus segredos. 
Minhas pipas, meu peão. 
Um grande amigo, ...Um outro irmão. 

Me trouxe os pêlos na cara, no corpo. 
Me trouxe envelhecimento. 
Criou compromissos, responsabilidades. 
E não pediu consentimento. 

O tempo, amigo meu

Me trouxe a maturidade, o discernimento 
A proatividade e o conhecimento. 

Realizou alguns sonhos, alguns desejos. 
Cravou no fundo da alma, alguns milhares de beijos. 

Deu-me um alguém, outra família. 
Projetando-me pro mundo, me retirou de uma ilha. 

Mostrou-me caminho novo, me deu uma profissão. 
Criou ambientes novos, que eu velo no coração. 

O tempo, um antagonista

Pelas coisas que me tirou, dei-lhe o meu perdão. 
Pelas coisas que me deu, fiz-lhe agradecimento. 
Tanto quanto ele já passou, vale a recordação. 
Por não dizer o que vem, fica o pressentimento. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Caminhe sempre em direção à luz



Em toda luta por um ideal deparamos-nos com obstáculos e opõem-se-nos adversários! O homem forte não os vê, nem se detém a contá-los!

Segue seu rumo, irredutível em sua fé, irrefutável em sua ação!

Porque quem caminha em direção à luz não tem tempo pra observar o que se passa nas trevas!

TENHA FOCO E FÉ NESTE NOVO ANO!!!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ANO NOVO, Velhas e Novas Amizades

 

Enquanto eu ressonava, depois de ter degustado uma taça de vinho, uma ou duas cervejas e uma dose de uísque, um Anjo veio ao meu ouvido e sussurrou:

- Tire uma fotografia ao lado de cada pessoa que você ama!

De sobressalto me exaltei perplexo, suando frio. Num “flash de escuridão” toda minha vida passou pela cabeça e por um coração estupefato. Um filme em preto-e-branco parecia resumir os meus erros, meus excessos e meus desmandos, alinhados diante de uma mensagem assustadora.

Mas não discuti o sonho. E saí por ai fotografando cada um dos meus familiares. Um a um, Eu com Eles. Eu comigo. Eu me despedindo.

Quando terminei, senti um vazio em mim. Porque o sentimento de FIM DE VIDA tinha inundado minha alma: Meus familiares são poucos! Busquei rememorar a mensagem e percebi que o Anjo havia dito: “cada pessoa que Eu amo”.

O sentimento de fim de vida se rasgou abruptamente e uma necessidade de VIVER INTENSAMENTE foi vivificada. Afinal, a voz que eu ouvira era meu ANJO DE GUARDA e não o ANJO DA MORTE.

Eis que me prostrei e meus joelhos retumbaram na massa firme do piso que me exigia a penitência. Chorei ante a certeza que não vinha me preservando adequadamente e que, assim, não teria a reciprocidade daqueles que amo.

Ousei contrapor minhas poucas fotos com familiares às dezenas de fotos de amigos ainda por tirar. Meu coração sorriu e desejei ser melhor no ano que se inicia.

FELIZ ANO NOVO A TODOS AQUELES QUE AMO E ADMIRO.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Crônicas da vida real: OBSERVANDO ESTRELAS


Eu olhava atentamente para o céu.

Não entendia porque as estrelas que eu contemplara durante meus primeiros anos, nas claras noites de lua, não eram visíveis à luz do dia. Atualmente meu tempo de vê-las se restringia às minhas caminhadas matinais, quando não estão visíveis.

Também não entendia porque o céu é sempre igual visto da minha cidadezinha natal, ainda que a Terra gire apressada em torno do Astro Rei. Imaginava que talvez, durante o dia, o céu fosse completamente diferente do céu à noite. E que, por isso, nós humanos tivéssemos contemplado nada além que metade do firmamento.

Recordei tempo de criança, ao lado da primeira Gioconda. Campo de grama, olhando o céu pela manhã. Falando sobre sonhos, sobre o futuro. Não sobre os astros, mas sobre ser um deles.

Enquanto eu divagava sobre essa dicotomia que afastei de meus pensamentos na maturidade, uma jovem parou e me observou atentamente. Parecia não se conter. Ela se posicionou ao meu lado, com a distância de quem queria tirar uma dúvida, e balbuciou:

- Desculpe perguntar, mas você está olhando em qual direção? Que tipos de astros te agradam? Quais tipos de constelações? Ou apenas coadjuvantes, como estrelas cadentes, meteoros, meteoritos, etc.

Assustado pela interrogação, eu retruquei:


- Como você pode saber que estou olhando estrelas, constelações, astros, se agora apenas o Sol nos é visível?


Ao que ela respondeu:

- Não se trata DO QUE os nossos olhos veem, mas, sim, sobre o que os nossos olhos sentem e transmitem aos nossos corações. Mesmo de olhos abertos podemos ver as constelações que habitam conscientemente o nosso inconsciente. E de olhos fechados podemos ver as estrelas além do Sol. E fechamos os olhos pra pedir, conscientes, o que alguém inconsciente nos ensinou sobre estrelas cadentes. Nossos sonhos se misturam com nossas estrelas.Olhei-a fixamente por alguns segundos, e respondi:

- De fato, Eu gosto mais das estrelas cadentes e dos tantos sonhos que depositei em suas caudas durante minha vida!