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terça-feira, 26 de novembro de 2013

26 DE NOVEMBRO DE 2013 - 50 ANOS



Do alto de meus 1,725m de altura, "meia idade" vos contempla! Uma data memorável, mesmo porque é improvável que eu esteja aqui pra escrever-lhes sobre a "idade inteira".


Ajustei minha altura à realidade! Nunca tive 1,73m como sempre frisei. Mas esse 1/2 centímetro já não faz mais falta ao meu ego! Cresci mais de 1/2 metro por dentro depois dos 21 anos, o que me dá uma matriz de crescimento real de invejável. Talvez isso justifique as dores nas costas, nas pernas, na Bacia e no abdômen! Fiquei pequeno por fora!

É provável que isso também explique aquelas pessoas pequeninas que realizam tantas proezas. Como é possível que conteúdos tão extensos se acomodem em tão pouca embalagem? Acho que por isso os baixinhos são inquietos! Minha mãe é assim e tantos outros que admiro.

Mas eu fugi ao fulcro! Estava falando dos meus 50 anos. Como sou limitado: só enxergo dois tons de cinza (claro e escuro)! Será que isso também limita minha imaginação sexual? Ora, que se danem os 50 tons de cinza! Claro e Escuro já se adaptam bem ao que me satisfaria hoje! Nada de extravagâncias! As 77 posições incendiárias do Kama Sutra não alimentam minhas fantasias (não mais)!

Na árvore do meu cinquentenário colhi vários frutos:

- 50 desejos (em cada poema)
- 50 realizações (em cada verso)
- 50 flertes (numa única mentira)
- 50 orgasmos (numa única conquista)
- 50 sonhos (em cada fase da vida)
- 50 vidas (em cada fase dos sonhos)
- E o mais importante: - 50 amigos! Em cada dedo das mãos!

Apesar dos filhos estarem ainda crescendo e se descobrindo, não espero genros. Mas por certo que minhas noras serão meus diamantes, porque dentro delas brotará a semente da minha semente: Meus netos!

E apesar das conquistas, do tempo que voa, dos sonhos que nos freiam, desce céu que não ousa mudar suas estrelas de lugar, não ousei plantar grandes árvores. Apenas laranjeiras, jabuticabeiras, orquídeas e outros personagens que eu pudesse ver os frutos ou as flores. Deu certo: Já chupei laranja e jabuticaba cujas mudas pousaram em minhas mãos. E fotografei flores de orquídeas cujas raízes fixei. Os herdeiros de minha essência frutificam e os discípulos de meus conhecimentos se agigantam, apesar de só os primeiros retornarem sempre, e me beijarem com carinho.

No início deste novo ciclo de vida, vejo-me na humilde posição de reconhecer e agradecer:

- Meus parabéns pra você, que me entende nessa complexidade simplória que me apresento! Que ignora minha casca de cupuaçu porque conhece o sabor que me habita!  Que releva meus devaneios, porque entende que nada sou ou serei, além de um simples poeta. Que aceita meus galanteios como meu escudo, porque se eu fosse diferente, não expressaria beleza interior. Obrigado a você, que saboreia meu gosto de laranja madura admitindo meus restos de sumo e nódoa! E que apesar dos 50 anos de idade que agora carrego ao redor de mim, se senta comigo pra compartilhar os 20 anos de idade que nunca me abandonaram.

E, no mais: FELIZ ANIVERSÁRIO pra nossa amizade!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

COTIDIANO


Final de semana vai chegando. Passamos a desejar que ele chegue repleto de graças e bênçãos, pra que a vida nos seja plena e a juventude eterna. Que recebamos carinho em forma de chuva e distribuamos alegria como raios de sol. Porque entre um carinho e um sorriso, entre uma gota de chuva e uma fresta de sol, podemos fazer brotar e vivificar tudo que parecia moribundo ao nosso redor.

A noite de sexta-feira agiganta o cansaço dos que pelejaram nas batalhas corporativas do lucro e nas batalhas individuais da sobrevivência. Os humanos se recolhem aos lares, festejando mais uma semana de vida, de conquistas ou de meras etapas cumpridas. Rolhas e tampinhas espocam aos borbotões, espalhando espumas, bolhas, odores e sabores pelos narizes e bocas sedentos de descanso.

E o sábado desperta com inquietude, movimentando os indivíduos e as hordas. A casa se enche dos ausentes, presentes no fim de semana. As lembranças dos que se foram povoam algumas cadeiras e poltronas vazias. Os sorrisos invadem as faces. As gargalhadas ricocheteiam na alvenaria e atravessam a massa devassável das janelas, inundando o vazio das ruas frias ou massificando a alegria contagiante que milhões de pessoas desprendem de seus íntimos no sétimo dia.

O domingo começa com a notícia da floração da orquídea que plantei durante o inverno, num dos galhos do nosso Flamboyant. Ali no alto, isolada, apesar da pequenez de suas poucas flores, ela "faz sombra" e dá graça e encantamento à nossa suntuosa árvore, agora despida das flores da primavera, que vagarosamente vai recobrando sua folhagem, suas vestes.

O dia passa ligeiro, porque haverá despedidas. No futebol, alguns venceram, outros perderam ou empataram. Alegria para uns, tristeza e alarde para outros. O principal grito preso na garganta já foi ecoado, mas ainda estão presos alguns choros que não se quer chorar. A casa antes repleta de movimento vai se esvaziando. Um filho parte pra Minas Gerais; outro pro Rio de Janeiro; e o terceiro se esforça pra demonstrar que não sentirá suas faltas, até que se encontrem nova e brevemente.

Apesar do avanço do tempo, do acumulo de anos, de experiências e de conquistas, ver os filhos juntos pelos chãos, mesas ou sofás da vida ainda é a melhor visão para o meu coração, tamanha a harmonia, carinho e amor que fazem questão de compartilharem entre si e entre todos às suas voltas.

É vida que segue. Como um conjunto de flechas que tem o destino como ARCO e a família como ALJAVA. Nós, pais, apenas preparamos cuidadosamente cada um desses projéteis: sua retidão, sua afinação e seu equilíbrio. Como o conjunto madeira/lâmina/penas das flechas, constrói-se também o trinômio caráter/valores/personalidade dos filhos. E esperamos apenas que estejam sempre prontos para se lançarem vida afora.


E a segunda-feira brota sorrateira em nossas vidas. Mas ao invés de carregar consigo aquele ar sofrível de recomeço, parece trazer para nós aquela sensação gostosa de mais uma semana, de mais um conjunto de sonhos, de mais esperanças e de novos reencontros. Assim é o nosso cotidiano. Assim é a vida em sua normalidade.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

CRÔNICAS DA VIDA REAL: O DERRADEIRO E ETERNO AMOR (Na Verdadeira Pessoa, tão singular)



Houve um tempo que eu olhava pra vocês e dizia: - Meu Deus, que medo. Tão jovens e tão apaixonados e comprometidos. Será que terão tempo pra amadurecer? Ou será que amadurecerão com os erros? - Será que serão “unha e carne” como hoje se demonstram “pele e carne”?

Unha e carne se respeitam. No pequeno espaço que se predestinaram coexistir. Porém “pele e carne” pretendiam se completar por inteiro, por toda a extensão da matéria que dava sustentação ao Espírito.

Houve um tempo que eu tive medo que o amor de vocês se transformasse em “paixão”. E que os excessos levassem a empatia e a cumplicidade para o devaneio. Houve também um tempo que eu aprendi a ver vocês como “uma só carne”, tamanha a singularidade como se gostavam, se respeitavam e se apresentavam juntos. E descobri que esse respeito mútuo e essa maturidade era motivo de orgulho e não de preocupação pra mim.

Houve uma etapa que eu desejei que o tempo passasse mais rápido, pra ver vocês dois mais maduros, já encaminhados, e concretizando planos e sonhos da juventude. Houve um tempo que eu pedi que a vida fosse suavemente sábia e não lhes apresentasse o ciúme, a desconfiança e o medo da infidelidade.

Hoje o tempo me mostra vocês dois afastados, apesar de muito amigos. E, se a vida não tiver sido perversa demais, me resta apenas ter esperanças de vê-los juntos novamente. Mas se isso não for possível, que haja sabedoria e maturidade em seus corações para não sofrerem pelo outro e não fazerem o outro sofrer sua falta.

Na vida temos a oportunidade de conhecer várias pessoas e o tempo pode nos fazer apaixonar várias vezes. Nem o coração sabe escolher a "pessoa certa", pra vida toda.

O segredo da felicidade é se apaixonar várias vezes, pela mesma pessoa. E constantemente por si mesmo. Não é ser o primeiro amor; nem o último; mas sim o único. Mas se isso não for possível, que a sua felicidade plena seja conseguida quando você se tornar o derradeiro e eterno amor de alguém.