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segunda-feira, 12 de junho de 2017




No fim da vida,

ficam os frutos da árvore que germinamos, 

independente de quem os colheu em nós!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Crônicas de Vida Real: Um simples SEVERINO.


O nome SEVERINO é naturalmente associado ao Sertanejo Nordestino, homem de mãos calejadas, pelejador pela vida, defensor da família, que não tem medo de trabalho nem de sujar as mãos pra tirar o sustento da terra! No entanto, o Severino a quem me referirei é mineiro, da gema. E da Clara: Da Maria Clara de Jesus, embora contenha em sua personalidade essa mesma alma Sertaneja.

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Todos os dias eu subia a ladeira na direção da casa de minha avó materna. Tinha como missão diária buscar leite para nosso consumo. Não sei se meus irmãos o fizeram antes de mim, mas a minha obrigação assimilei como "mensagem a Garcia".

De minha casa até vovó eram não mais que 800 metros. Porém íngremes e cansativos. Desafiadores. Os morros de minha cidade natal mereciam teleféricos. Ou sistemas de rapel reverso, pra amenizar as escaladas.

Momentos maravilhosos ao lado de Vó Tuta, ouvindo suas histórias, assistindo o nascimento do almoço, o corte dos temperos, o preparo de um tutu de feijão inigualável. Observava atentamente o fogão à lenha sob panelas de ferro, enquanto deixava escoar nas veias a seiva de floresta antiga, alimentando sonhos de menino novo ao ouvir histórias de uma senhorinha vívida e vivida.

O leite vinha da roça, retirado das singelas vaquinhas por Tio Severino. Uma a uma, chamadas pelo nome, elas se encostavam com suavidade e confiança, se entregando ao carinho intenso de mãos calejadas e experientes, fazendo jorrar de suas tetas a proteína pura!

Embora fornecesse o leite para o laticínio, Tio Severino reservava um pouquinho para cada irmão, para cada casa da família de Vó Tuta. Nunca abriu mão disso, de tal forma que não faltava leite à mesa de seus irmãos e sobrinhos, enquanto ele pôde e conseguiu ordenhar!

Como o leite trazido da fazenda era dividido entre as famílias, filhos, genros, noras e netos capturavam seu quinhão diariamente em visita à casa de Vovó. O seio da família revisitado. A singularidade do cristianismo exercida. A experiência da matriarca capturada diariamente.

Com apenas 02 litros de leite para cada irmão, Tio Severino disseminou na família uma cultura de reciprocidade. Um sentimento de gratidão. Um movimento de peregrinação e mergulho diário na essência de uma família. Consciente ou não, manteve a família unida. Próxima, peregrina, visitadora e disseminadora de bons preceitos familiares.

Homem de hábitos simples, sem ambições, de singularidade inacreditável, Severino Ferreira de Souza se tornou, desde a minha infância, um exemplo de ser humano. De caráter, de responsabilidade, de dizimista, de cristão, de arrimo de família!!

Quisera o mundo tivesse centenas desse Severino, cujo coração bate com dificuldades. Não pela saúde, mas pela compressão: - Resultado de um peitoral singelo é pequenino comprimindo um coração imenso, tão intenso, tão caridoso!

Um homem pra se descrever em livros. Uma história sem capítulos eletrizantes, mas repleta de personagens coadjuvados. Um ser iluminado por Deus. Um herói de carne e alma, que a vida me presenteou como Tio!