Que diferença gritante,
Entre o músico e o ouvinte.
Um afina os dedos, ao violão!
O outro sentimentos, ao coração!
Mas não é outra a afirmativa,
Se o que se afina é o instrumento?
Hipótese contrária da narrativa,
Onde o dedo tornou-se o intento.
Pois que se afinem os dedos,
Por horas a fio a tocar.
E que se abrandem os medos,
Do que o ouvinte falar.
E que se canse o ouvido,
De tanto a corda timbrar.
Mas não se apague o tinido,
Da mente de quem escutar.
Que os olhos cerrem cansados,
Pra o coração enxergar.
Os sentimentos ousados,
Que se deixou escapar.
E que haja sempre harmonia,
Entre o ouvinte e o cantor.
No coração: euforia,
Nos olhos: rios de amor.
Que ela venha aos poucos.
A inspiração dos ungidos.
E se produzam aos cântaros,
Versos para serem ouvidos.
Sem o violão e a voz,
Que dizer do compositor!?
E o que seria de nós,
Sem poesia e amor!?
Autor: Mozart Boaventura Sobrinho
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