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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A FORÇA DE 1.000 SANSÕES



É noite de 25 de outubro de 2014. Adormeço e em sonho me vejo acorrentado entre dois gigantes pilares de sustentação de uma construção bastante antiga. Minhas lições cristãs me levam a crer que me transportei ilusoriamente para o antigo TEMPLO DE DAGON (1), onde outrora os Filisteus aprisionaram Sansão (2). Nos pilares lê-se em placas de neon as seguintes inscrições, que vão se alternando entre PORTUGUÊS, LATIM e HEBRAICO:

  • Corrupção (Curruptiones; שיחוד)
  • Impunidade (Impunitatis; פטור מעונש)

Enquanto pelejo com meu interior para entender o cenário que me inseri, meu íntimo mergulha 30 anos na história recente do Brasil, repassando vários episódios, escândalos e falcatruas engendradas por políticos e executivos de empresas, entidades ou autarquias públicas(4)


Um alvoroço à minha frente me faz emergir do mar de lama que me mantive em retrospecto. Cegado pela minha indiferença quanto aos desmandos e à impunidade dos corruptos e enfraquecido pelo tolhimento das mechas de minha honradez e integridade, ainda em sonho abro timidamente meus olhos e me deparo com a horda que acabara de povoar minhas lamentáveis lembranças.

Estão todos ali, à minha frente. Enumerados e etiquetados para os cargos que ocupam ou pretendem ocupar nas várias instâncias do Poder Público, suntuosamente trajados como as mais finas castas filisteias, em zombaria de minha condição submissa e subumana.

Não me ocorre de pronto, mas Eu posso escolher transforma-los em heróis ou me tornar seu algoz. E eis que, de repente, me vejo obrigado a estirar o braço e cerrar o punho. E dotado de uma força sobrenatural faço vir abaixo os pilares de sustentação do templo, soterrando toda aquela corja de filisteus(3). Diferentemente da história de Sansão, minha insurgência não me causa nenhum arranhão moral ou físico.

Pela manhã quando acordo me dou conta que é dia de ELEIÇÃO, e tenho o dever cível de participar da eleição para Presidente da República.

Percebo que não tive um sonho, mas uma premonição. E sigo para as urnas com a força de 1.000 Sansões, pois Eu posso derrubar os alicerces das nababescas e suntuosas instalações do templo onde se instalou a corrupção e o desmando.

Somente o meu voto pode mudar os atores desse emporcalhado teatro chamado BRASIL. E sigo para AS URNAS firme, impassível, indelével, irredutível, inabalável. POIS EU QUERO A MUDANÇA!!!


*               *               *

  1. O TEMPLO DE DAGON situava-se na cidade de Asdode (atual Esdud), cidade fortificada na planície da Filístia, na entrada da Palestina. Embora pertencente á tribo de Judá, supõe-se que jamais tenha sido conquistada pelos Israelitas.
  2. SANÇÃO foi o antepenúltimo juiz de Israel durante 20 anos (sucedeu Abdon e antecedeu Eli e Samuel), liderando os Israelitas contas os Filisteus (Juízes, capítulos 13 e 16).
  3. FILISTEU: Pessoa inculta e vulgar com interesses apenas materialistas; Utilitarista.
  4. 20 DOS MAIORES ESCÂNDALOS DA HISTÓRIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:
    1. Ferrovia Norte Sul (maio de 1987) – A licitação para construção de 1.600km de rodovia entre Anápolis e o Maranhão, com investimento de US$ 2,6 BI, não passava de jogo de cartas marcadas, conforme denunciado pela Folha de São Paulo.
    2. CPI da Corrupção (fevereiro de 1988) – Intermediações fraudulentas de repasses de verbas para o Estado do Maranhão, envolvendo membros do alto escalão do Governo e critérios escusos para liberação das verbas.
    3. Caso Collor (maio de 1992) – PC Farias recebia propina de empresários interessados em negociar com o Governo Federal, retinha 30% dos valores e repassava o restante ao Presidente. Estima-se mais de US$ 350 MI arrecadados com emissão de notas fiscais frias por empresas fantasmas.
    4. Anões do orçamento (Outubro de 1993) – Deputados federais recebiam comissões para desviar verbas para obras de empreiteiras e desviavam recursos para entidades de previdência social fantasmas.
    5. Escândalo dos precatórios (Fevereiro de 1997) – Diversas falcatruas e irregularidades apontadas na emissão de precatórios pelos Governos Estaduais e Municipais, criando dívidas inexistentes para comprometimento de recursos públicos.
    6. Grampos do BNDES (Novembro de 1998) – Grampos revelaram um esquema envolvendo o Ministro das Comunicações e o Presidente do BNDES para privilegiar o Banco Opportunity no leilão de privatização da TELEBRAS.
    7. Caso Marka / FonteCindam (Janeiro de 1999) – Diante da desvalorização cambial, o Banco Central subsidiou a venda de dólares aos bancos Marka e FonteCindam, gerando um prejuízo de R$ 1,5 BI aos cofres públicos. O Marka possuía 20 vezes seu patrimônio líquido em contratos futuros de dólares.
    8. Desvio de verbas do TRT-SP (Maio de 1999) – Depois de 06 anos de construção, constatou-se que o prédio do TRT-SP havia consumido R$ 350MI de verbas públicas, das quais apenas R$ 70 MI foram efetivamente aplicadas na obra e o restante desviado pelo Juiz Nicolau dos Santos.
    9. Caso Celso Daniel (Janeiro de 2002) – O sequestro e assassinato do então prefeito de Santo André-SP seria crime político e queima de arquivo de esquemas de corrupção. Sete pessoas ligadas ao crime morreram em circunstâncias misteriosas, incluindo o médico legista e um investigador.
    10. Caso Lunus (Março de 2002) – Batida policial encontra R$ 1,34 MI nos cofres da empresa LUNUS, de Roseane Sarney e seu marido. As investigações revelaram que a LUNUS era sócia de empresa que desviou R$ 15 MI em projetos na SUDAN, entre outros documentos comprometedores.
    11. Corrupção dos Correios (Maio de 2005) – Diretor dos correios é filmado aceitando propina para direcionar resultados de licitações. Marinho denuncia Roberto Jeferson como coordenador de um grande esquema de corrupção envolvendo o Governo Lula, com desvios mensais de verbas públicas.
    12. Escândalo do Mensalão (Junho de 2005) – Coordenados por José Dirceu, Delúbio Soares a Marcos Valério coordenaram um esquema de compra de votos na Câmara dos Deputados Federais, onde cada parlamentar levava a bagatela mensal de R$ 30.000 para apoiar projetos do PT e aliados.
    13. República de Ribeirão (Agosto de 2005) – Antonio Palotti é acusado por um de seus ex-assessores, da época como Prefeito de Ribeirão Preto, de receber propina para facilitar concorrência de uma máfia envolvendo empresas coletoras de lixo em cidades administradas pelo PT em São Paulo.
    14. Refinaria de Pasadena-USA (Maio de 2006) – Por conta de cláusulas contratuais e desentendimentos societários, a Petrobrás desembolsou US$ 1,18 BI pela refinaria, que fora comprada 01 ano antes por US$ 42,5 mi.
    15. Caso Satiagraha (Julho de 2008) – Sob uma fachada de investigação de negócios do banqueiro Daniel Dantas, a polícia federal armou uma das maiores operações ilegais de espionagem e escutas clandestinas.
    16. Escândalo do Bancoop (março de 2010) – Ministério Público denunciou que parte dos recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários era desviado para contas de seus diretores e para o Caixa 2 do PT. Os recursos eram captados através de ofertas de imóveis até 40% abaixo do preço de mercado.
    17. Caso Erenice (Setembro de 2010) – Israel Guerra, filho de Erenice Guerra (então ministra da Casa Civil), comandava com seus sócios um esquema sob a tutela da ministra, de favorecimento de empresários mediante comissões e taxa de sucesso em negócios com o Governo Federal.
    18. Caso Cachoeira (Fevereiro de 2012) – Gravações revelaram que o senador Demóstenes Torres usava sua influência para proteger e defender negócios escusos do bicheiro em troca de ricos presentes. Vários parlamentares, 03 governadores e a maior empreiteira do PAC estão envolvidos nas denúncias.
    19. Escândalo da Pesca (março de 2012) – Altemir Gregolin, do PT-SC, adquiriu 28 lanchas patrulha para o ministério da pesca (que não pode patrulhar). A empresa fornecedora é de um ex-militante do PT-SC, que doou recursos para a campanha de Ideli Salvatti ao Governo de Santa Catarina e que posteriormente substituiu Altemir no ministério e pagou a compra.
    20. Operação Lava Jato (Março de 2014) – Aproximadamente R$ 4 bi foram operados por 04 doleiros, entre eles Alberto Youssef, que controlava empresas-fantasma que recebiam inexplicáveis depósitos milionários de algumas das mais importantes empreiteiras do país. Na sequência, a delação premiada de um ex-diretor da PETROBRÁS teria confirmado o pagamento de propinas a políticos sobre contratos firmados com a Estatal, além do esquema de contribuições paralelas das empreiteiras para o Caixa 2 do PT.

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