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segunda-feira, 18 de março de 2013

CARTAS E POSTAGENS SOBRE UM GRANDE AMOR




Às vezes sinto sua falta, mesmo ausente. Outras vezes descubro a minha, mesmo presente! Nunca imaginei te conceder todo o poder sobre esse sentimento. Ou me descobrir com os ventrículos tão animadoramente desprotegidos.

Leio e releio nossas cartas, desejando que fossem POSTS. Curto os selos nos envelopes, querendo que eu pudesse curtir o sinalizador da caixa de entrada.

Rio de suas frases, da sua escrita torta, da sua letra irregular, dos seus erros de português. Querendo que fosse algo tão perfeito quanto os textos alinhados e corrigidos das redes sociais.

Arrepio-me com a profundidade dos seus pensamentos e do encadeamento lógico de sua redação, desejando que fossem frases curtas em POSTS ilógicos no meu mural.

Emociono-me ao final de cada bilhete, terminado de forma radical e eloquente com um sonoro TE AMO ou AMO VOCÊ, personificando a pessoa amada ao ocultar, de propósito, a sujeito que ama. Mas eu adoraria que fossem meras “curtidas”, ou comentários curtos e descomprometidos num SKYPE, pra demonstrar apenas admiração, respeito e saudade.

Vejo-me revirando a correspondência, conferindo a caixinha de correio, esperando o carteiro à campainha, pra entregar um POSTAL seu, desejando que o celular acusasse, ou que o computador registrasse, apenas uma mensagem não lida: SUA!

Não há tecla que "delete" ou "bug" que apague o que ficou registrado no papel, nos envelopes, nas costas dos postais e nas fotografias desbotadas. Nas manchas de tinta nos dedos meus, e no gosto da cola do selo na boca. A cor do uniforme do carteiro, o bornal de cartas ensebado, e o sorriso de quem sabe que entregou um beijo, antes de abrir a boca (carta). Coisas que eu não troco, não descarto e não me esqueço!

E todos esses meus desejos de "comunicação tecnológica" não são uma negação, negociação ou descrença aos veículos de comunicação que conduziram e formalizaram a nossa história juntos! Na verdade, é uma vontade incontida que de mesclar o romantismo do namoro antigo com a velocidade com que se pode amar hoje em dia.

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