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segunda-feira, 15 de abril de 2013

OBSTÁCULOS (Plagiando Drummond)




No meio do caminho havia uma pedra.
Havia pedras no meio do caminho.

E eu tropecei no tempo,
Pois andava de nariz a riste.
Rolei como papel ao vento,
E as pedras me deixaram triste.

Ergui-me e segui o caminho,
Pensando em quem há de passar.
E lancei um torto risinho,
Pois irão também tropeçar.

No meio do caminho havia uma pedra.
Havia pedras no meio do caminho.

E eu me distanciei delas,
Pra não cair novamente,
Pensava nas minhas sequelas,
Das quedas de antigamente.

Ao longe parei pra pensar,
Porque as deixei na estrada.
Pois quem haverá de passar,
Com o risco da fronte tombada?

No meio do caminho havia uma pedra.
Havia pedras no meio do caminho.

Voltando à minha caminhada,
Retornei ao ponto dos seixos.
E com a alma exaltada,
Retirei-as todas dos eixos.

Pousadas na minha palma,
Não pareceram gigantes.
E me arrependi na alma,
Por não tê-las tirado antes.

No meio do caminho havia embaraços.
Não há mais pedras em sua caminhada.
Eu as tirei para que seus passos,
Não tropecem nessa longa jornada.

(Mozart Boaventura Sobrinho)

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