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segunda-feira, 30 de março de 2015

MINHA MÃE - 85 ANOS DE HISTÓRIA





Há exatos 85 anos, em 28 de março de 1930, nascia a mulher que me deu a vida de presente. Um infinito de possibilidades, mas Deus me colocou no ventre Dela.

Talvez sabendo da minha irreverência, inquietude, orgulho, altivez e convencimento, o Universo me tenha subjugado a uma dama de pura simplicidade. Uma mulher de um homem só, de 08 gestações e 06 filhos. Numa outra hipótese, talvez o Universo tenha se arrependido de lhe negar 02 gestações seguidas e 03 novos filhos, e tenha acumulado as personalidades no próximo rebento: Eu!. Não que eu seja complexo, mas não saberia conviver com apenas 01 de mim.

Ela tem 01m45cm  de pura formosura e de altitude. 38 quilos de atitude. Como assim, 38 quilos? Como eu posso ter cabido dentro dessa caixinha de brincos de diamantes? Simples: Algumas pessoas são tão grandes por dentro, que seus corpos terrenos não conseguem refletir o tamanho de seus conteúdos. Mas é bom que se saiba que eu nunca me senti apertado. Talvez os meus irmãos sim.

Desde que meu coração aprendeu a decifrar o que meus olhos insistentemente fotografavam e armazenavam no meu córtex, eu descobri que minha mãe era uma Cientista e uma Produtora. Decifrara a ciência dos cabelos como ninguém e produzia a sociedade mineira para os pequenos e grandes eventos. Eu cresci num salão de beleza. Dando troco, fechando o caixa e cantando pra lindas clientes. Ganhei pequenas grandes fortunas com a minha inquietude direcionada por mamãe.

Mas nem tudo foi um mar de rosas (pra mim sim, mas não pra minha mãe). Aprendi a sobreviver na cozinha desde os 08 anos, porque toda cozinha tem medida protetiva contra cabeleireiras. Elas não podem passar da linha divisória das portas e janelas. E foi assim que aprendi a cozinhar: À distância! Quando a "educação à distância" se resumia em nossa interpretação sobre o que nossos pais esperariam de nós.

Mas também vivi momentos de angústia, que poderiam ter me direcionado para a medicina. Eu explico: Por ser pequenina, mamãe praticava seu ofício de salto. O movimento dos pés numa sandália alta, fazia com que os fios do cabelos lhe incrustassem a sola dos pés, como cravos ou espinhos. Se enterravam tão sorrateiramente nas solas de seus pés, que caminhar se tornava um sacrifício.

Não raras foram as vezes que massageei as solas dos pés de minha mãe, buscando os espinhos que caprichosamente lhe escavaram a sola do pés, lhe impingindo um martírio da própria profissão. Eu os tirei: Um a Um, ano após ano, até que o tempo se encarregou de me roubar essa humilde retribuição de humildade.

Tantas lindas lembranças, tantas belas mensagens. Todos os meus valores forjados nas suas carícias. Jamais me esquecerei de nenhum deles, mas dois deles eu carrego no coração, pois ouvi esses dois conselhos na porta do ônibus, na hora de embargar pra uma nova vida, pra faculdade e novos desafios:

a) Sempre que voltar pra sua casa, traga o nome do teu Pai limpo e altivo como você o está levando agora; e

b) Qualquer que seja a dificuldade ou dúvida (e serão muitas, e constantes), lembre-se de orar o CREDO 03 vezes, e todo mal e insegurança se afastarão da sua cabeça.

Assim é minha mãe. Assim é a Dona Luzia. Mulher de Fibra (de carbono), de aço (Damasco), flexível (como varinha de pescar), rígida (como rocha), amável (como mãe), adorável (como amigo), única (como Ela SÓ).

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