Houve
um tempo em que viver perdeu o sentido. Porque, de fato, o melhor de mim
parecia ter padecido. O que havia de bom esvaiu-se, como areia fina entre os
dedos. Uma pequena parte não escorreu, plantada na palma da mão tremulada pelos fracassos.
Não
conseguia esconder minhas agruras, minhas amarguras e minhas decepções. A maior
parte desses males se materializava em conflito comigo mesmo, dentro de minha
convalescente existência, ante o farrapo humano que aos poucos me tornava.
Eu
me dizia: Amanhã virarei o jogo! Serei um novo homem! Mas por não me preparar
para vencer, abria os flancos, e muitas vezes fui “goleado” pelos ingênuos contra-ataques
das minhas fraquezas.
Remodelava
muita estrutura, minha embalagem e meu discurso, mas o interior (corroído pelas
deficiências que eu, relutante, escondia debaixo do tapete voador da minha
prepotência) armazenava um eu que somente Eu não enxergava. Nessas tantas
desventuras em série, temi assistir, de corpo presente, aterrorizado, o velório
de meus sonhos.
Mas
eis que o bem sempre triunfa sobre o mal. E se a bandeira da vitória não é
erguida pela autoestima, dezenas de príncipes e princesas, amigos e amados,
desembarcam em nossas OMAHAS e IWO JIMAS, montando cavalos blindados de confiança,
empunhando baionetas de esperança e atirando beijos doces e palavras sábias que
transformam por completo a geografia de nossas ruínas, como um “faz de conta
que acontece”, virando o jogo.
Assim
se dá a ressurreição em vida, onde o medo do malogro premeditado dá lugar à audácia
do êxito indubitável. E homens de bem renascem para os exércitos do Amor.
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