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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CRÔNICAS DA VIDA REAL - As dualidades do "CAIXA 2"


Eram dois amigos inseparáveis. Como carne e unha, queijo e goiabada, pés e havaianas, dedos e alianças, céu e estrelas.Cresceram juntos nos sertões das Minas Gerais. Amigos de escola e pipa; e companheiros de pelada. Inseparáveis nas pescarias de rio, córregos, riachos ou lagos. Adversários na finca, bolinha de gude e pião, pregavam a filosofia "Gersônica" de que a fruta do vizinho é sempre mais gostosa!

Cabeças diferentes, pensamentos distintos, um se embrenhou na área agrícola e o outro nas ciências econômicas!

De poucas palavras e visão madura, o agricultor prosperou. Tinha anseios de alimentar o mundo! Adquiriu terras, plantou culturas permanentes e temporárias. Adquiriu implementos e máquinas agrícolas; e logo uma pequena frota de caminhões que lhe permitia escoar suas produções para os melhores mercados consumidores. Tornara-se um próspero fazendeiro e agricultor, cujo sucesso só era comentado nas rodas de amigos e familiares, dado ser um homem reservado e honesto!

Na outra vertente, de diálogo fácil e carisma latente, o economista também prosperou. Tinha visão de consertar o mundo. Fazia campanhas sociais, projetos de melhoria de vida e distribuição de renda, usando todo seu conhecimento e aparato midiático. Empresário de mídias e frequentador das colunas sociais, foi logo ascendido à vida política!

Percebendo sua oportunidade de galgar cargos mais altos, o Político procurou o amigo Agricultor, oferecendo-lhe uma aliança: Defenderia projetos e leis para a área agrícola caso o amigo ajudasse no financiamento de sua campanha eleitoral. Nada extraordinário, mas os recursos não poderiam ser contabilizados, por questões estratégicas.

Então, o Agricultor vendeu, NO MERCADO INFORMAL, as caixas de papelão, sacos e outros descartes dos insumos que adquiria, além dos produtos colhidos, de boa qualidade, que não serviam para remessa direta para os mercados consumidores. Em 01 ano juntou quase R$ 500.000,00 e repassou ao Político, que fomentou sua campanha.

Eleito, o Político de fato buscou aprovar projetos e leis voltadas para a área agrícola. Mas 04 anos depois, numa manobra arriscada, teve sua idoneidade colocada a prova e sua vida financeira devassada. Os RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS vieram à tona e, acareado em plenário, divulgou sua origem. A explicação foi aceita e sua vida politica seguiu em frente.

Por seu turno, o Agricultor teve também a vida financeira devassada. Acusado de formação de CAIXA 2, recebeu autos de infração de tributos que, somados, superavam em muito o montante destinado à companha do amigo. Investigado pelo Ministério Público, foi denunciado por lavagem de dinheiro e crime contra o ordem econômica. Teve seu nome, até então ilibado, jogado na sarjeta e sua credibilidade assoreada pela lama dos inconformados e invejosos.

Assim é o Brasil hoje. Na VIDA POLÍTICA o que chamamos de CAIXA 2 é tratado como "Recursos não contabilizados", e não passa disso. Na VIDA EMPRESARIAL, o CAIXA 2 pode ser configurado crime sujeito a reclusão de 03 a 10 anos, sonegação fiscal e previdenciária e crime de falta de caráter contra a sociedade.



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