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segunda-feira, 2 de julho de 2012

SOLTANDO PIPA, COLHENDO SONHOS


Que minha linha da alma se afaste do cerol do tempo e que eu sobreviva, sem imponência ou soberba, por entre nuvens claras ou céu de brigadeiro.

Não quero ser pipa avoada. Objeto de desejo de muitos, que vagueia ao sabor do vento, até ser capturada, arrebatada e lançada novamente ao voo.

Mas se o tênue fio que me sustenta se romper, que haja por ai uma mulher de aço e concreto, ou simplesmente fibra. Tão altiva e deslumbrante quanto um arranha-céu. Ou tão singular quanto uma montanha. Uma Babel pujante, com uma antena suave onde meu barbante se enrosque.

Já quis a figura do diamante pra minha personalidade, que deixa marcas por onde passa. Mas apesar de belo e valioso, me pareceu insubordinadamente maciço e duro.

Mas não queria ser o vidro triturado, que misturado à cola corta, arrebenta, dilacera, destrói sonhos e faz as pipas se perderam ao léu.

Nem diamante nem cerol. Simplesmente pipa, pra que eu flutue ao seu redor e adorne sua estrutura. E me vendo seguro, entrelaçado em você, desejarei vê-la escalar o fio pra ver, daqui de cima, o mundo maravilhoso ao qual você me prendeu.

Mozart Boaventura Sobrinho (13/09/2011)

2 comentários:

  1. Parabéns!!!! Abraços
    A. Hermann

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    1. Adoro esse texto. Essa conotação entre meus tempos de criança (de procurar pipas pelo céu e da liberdade) e os tempos de maturidade, (da procura do amor e da segurança). Obrigado por comentar amigo Andreas.

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