Traduzir esta página

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

UMA CARTA QUE NÃO FOI ESCRITA


Querido Pai: 


Você foi meu herói. Meu super herói. Não voava, nem lançava teias, mas me fazia voar com sua imaginação e me prendia nas intrigantes teias das suas histórias. 

Você foi meu mocinho das manhãs, tardes e noites, e não somente das sessões da tarde. Não prendia bandidos nem tinha armas especiais. Mas me fez querer ser mocinho e ter como armas um bom caráter, valores e personalidade. 

Você não contava vantagens, nem fez gols incríveis, nem foi o melhor da turma da escola. Mas descreveu animais e passarinhos que eu jamais verei, exceto nos livros. E me mostrou que era fácil aprender qualquer língua quando se tem objetivo e força de vontade. 

Você não era um exímio nadador, não fez carrinho de rolimã, não tinha tempo pras pipas. Mas me ensinou a nadar, a ter paciência com o skate e a fazer uma pipa melhor, ao invés de correr atrás daquela que se perdeu. 

Você era bom em matemática e bom em português. E me ensinou na vida a adicionar valores e subtrair fraquezas, multiplicar sabores e dividir riquezas. E que a língua falada é mais objetiva que a escrita, pois essa primeira nos trás a realidade, e a segunda nos leva a sonhar. 

Seu eu sinto saudades? Claro que sinto! De tudo que você foi, de tudo que não tive coragem pra te pedir pra mudar, de tudo poderia ter sido melhor, de tudo que poderíamos ter feito nesse tempo todo que já não estás aqui. 

Ah, como eu queria que você tivesse participado na vida dos meus filhos. Dividindo a mesa de estudos. Contando histórias, falando de você. 

Como eu supro a sua falta? Com a lembrança doce do seu sorriso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário