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segunda-feira, 24 de junho de 2013

DEPENDÊNCIA CÓSMICA


Sinto o ar rarefeito. A distância da sua luz enche de frio meus anéis orbitais e não incita meu magma, adormecido, a aquecer a crosta de minha estrutura.


Repasso meus projetos de ser habitável por sua essência e perpetuar a sua existência, povoando meu interior com matas tropicais e minha orla com oceanos cristalinos e mansos riachos de água potável. Em lugar deles, percebo que a ausência de seus raios solares desertifica em mim o desejo de dar vida a você!

Parecemos, assim, estrelas que morrem, quando nosso sonho era produzir uma supernova, dando um novo sentido à essencialidade cósmica.

Sinto-me então um meteoro gravitando a sua órbita. Pareço agressivo e ameaçador, mas sem deixar de ser lindo visto de longe. Mas quando eu ensaio um simples passeio pela sua atmosfera (mesmo que a vontade real fosse dar um mergulho), sua gravidade me rechaça.

Outras vezes me sinto lua minguante, sem forças pra retransmitir alguma luz. Ou mesmo lua nova, sem claridade para mim mesmo, quiçá para iluminar seus caminhos.

Mas sei que posso influenciar suas marés (ou suas borboletas). Remexer seu interior e provocar em ti erupções vulcânicas. Clarear suas longes noites de insônia ou de admiração. 

Nesses momentos de minha rara lucidez, percebo que ainda somos duas estrelas querendo nascer e coexistir, sem que uma ofusque o brilho da outra. O amor permeia minhas atitudes e a esperança de dias melhores renasce na galáxia que planejei ter você como único sol.

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