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segunda-feira, 30 de junho de 2014

CRÔNICAS DA VIDA REAL - A divindade da música


 


Amava a música desde que se entendeu como gente. Achava-se um cantor nato, como um canário ou outro pássaro de cativeiro. Mas sem ser de gaiola, porque a liberdade lhe florescia nas articulações!


Despejava a voz aos 04 cantos do vento com a propulsão de turbinas de avião! Cantava no colo das senhoras, no chão dos salões, nos festivais de escola. Mas a vida, que lhe deu a voz, lhe tirou o tom. Amigdalite, laringite e faringite desde cedo! E como na Lei de Murphy, a garganta tirava férias na proximidade dos festivais. Com o tempo descobriu que ansiedade prejudicava a garganta e a voz, o que lhe deu serenidade pra falar ao invés de cantar!

Nunca pôde conduzir um microfone ou subir aos palcos para os quais acreditava ter nascido. Mas não houve chuveiro no mundo que não guardasse sua afinação na memória de seus porcelanatos!

Já maduro, a vida lhe presenteou, como redenção, um final de semana cantando louvores com amigos, quase incógnito (porque não nasceu para ser incógnito e nem aceitaria ser ignorado)! Soltou a voz como se fosse a última vez, a primeira música, o único festival! E pôde fazer as melodias ecoarem nos corações das pessoas!

Com o tempo, descobriu que as melodias represadas na garganta por longos anos, se tornaram eco de suas superações.

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