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sexta-feira, 4 de maio de 2012

ANSIEDADE - ACIDENTE DE PERCURSO


Segundo estimativas da Polícia Federal, uma percentagem representativa dos acidentes de trânsito em rodovias federais ocorrem no FIM DA VIAGEM. Em recente entrevista que assisti, um Policial Rodoviário Federal afirmava que as pessoas relaxam quando estão próximas de atingir seus objetivos de viagem, o que propicia a ocorrência de acidentes ante o relaxamento da vigilância. Provavelmente, os acidentes ocorrem logo depois de uma frase do tipo: "-- Relaxa, estamos quase chegando!".



Não identifiquei nenhum estudo específico sobre esse "possível" fenômeno, mas se ele existe, seria algo como uma "síndrome de meta atingida". Aquele momento em que descuidamos de nossos objetivos ante a certeza "quase inabalável" de que nada pode nos deter rumo ao alvo.


Refletindo sobre a entrevista que assisti e enfocando o assunto, revisitei meu passado e me surpreendi: Várias foram as vezes que acelerei o carro pra "chegar mais rápido". Aquela "reta final' da viagem é tentadora. É desafiadora. É avassaladora. Percorremos centenas de quilômetros com extrema vigilância e atenção para colocar o objetivo em risco nos momentos finais da viagem.

Jorge Sabongi, junho/2004"Vejo pessoas dirigirem na estrada sem o menor cuidado: colando a 140km na traseira de outros veículos, piscando a seta da esquerda para pedir passagem, dando farol para "sair da frente, senão eu passo por cima", colocando em jogo a vida de tantos por uma ansiedade incontrolável. Para chegar 5 ou 10 minutos mais cedo".

Engraçado como esse fenômeno se repete também nas relações humanas. Quanto mais nos convencemos de termos atingido o alvo (ou estarmos muito próximo dele), mais cuidado deveríamos tomar. Mais foco, mais concentração, mais atenção. Mas muitas vezes agimos de maneira adversa, e colocamos em risco longas distâncias percorridas em relacionamentos duradouros. Amores, amigos, familiares são colocados à mercê de nossos aceleradores de sentimentos, por puro imediatismo. Proteja quem você ama dando a si mesmo maturidade, discernimento, calma e ponderação.

Uma relação duradoura não se constrói com ansiedades. Todo relacionamento humano é uma "viagem única". Uma excursão espetacular pelas virtudes e defeitos de outrem. Não é uma viagem de negócios nem de fim de semana ou feriado. É, sim, um interminável passeio de férias, do qual queremos colher lembranças pra toda vida. Com a ansiedade natural de quem quer chegar (pra ficar), mas sem acidentes fatais de percurso.

Autor: Mozart Boaventura Sobrinho

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